sábado, 31 de maio de 2014

A Rã e o Rato


Quem quer embaçar os outros
Muita vez fica embaçado;
Afirmando esta sentença
Merlim foi inspirado.

Um rato, a estourar de gordo,
Pois quaresmas não guardava,
À margem de uma lagoa
Seus pesares espalhava.

Certa rã se lhe aproxima
E lhe diz no seu calão;
“Vinde a casa visitar-me;
Dar-vos-ei uma função!”

O rato aceita, de pronto,
Sem cerimónia fazer;
As vantagens do passeio
Põe-se a rã a encarecer.

Narra as delícias do banho,
Os prazeres da viagem,
Raridades da lagoa
E a pitoresca paisagem.

“Contareis aos netos (disse)
Qual da lagoa a pragmática,
E a política da terra,
Onde reina a gente aquática.”

Mas…surgia um embaraço;
- O rato pouco nadava,
E, para sulcar as águas,
De ajudante precisava.

Eis à rã um meio acode:
O pé do rato ligou
A seu pé, com certo junco,
Que ali mesmo deparou.

Logo que a boa comadre
Sai da margem, a nadar,
Ao fundo da água forceja
O seu hóspede arrastar.

Contra a santa fé jurada,
Contra o Direito das Gentes,
Quer matá-lo e já supunha
Trincá-lo assado entre os dentes.

Ouvindo-a invocar os numes,
Dele a pérfida escarnece:
Ele resiste; ela puxa;
E o rato já desfalece.

Pairava um milhafre e, vendo
O rato que se debate,
Sobre o mísero do chofre,
Veloz, qual seta, se abate;

Arrebata-o pelos ares
E com ele a rã também;
Pois, ligada ao pé do rato,
Pelo junco ela se atém.

Garboso dessa caçada,
A presa dupla alardeia.
Contente de haver pilhado
Peixe e carne para a ceia.

Pode um bem forjado embuste
Prejudicar o embusteiro;
Muitas vezes o feitiço
Vira contra o feiticeiro.

Os Sapatos

Era uma vez um jovem que saiu de casa calçando uns sapatos novos que tinha comprado na véspera.
Quando os experimentou pareceram-lhe bons, mas agora sentia que eram demasiado apertados. Passadas
algumas dezenas de metros, os pés começaram-lhe a doer.
Começou então a queixar-se aos amigos dizendo.
— Que desgraça! Só me faltava mais esta! Não posso mais!
Enquanto conversava no passeio com um colega, viu passar um coxo a quem faltava uma perna. Contudo, ia a cantar.
Mais adiante, cruzou-se com um cego que, de bengala, ia sorridente, saudando as pessoas. Mesmo sem ver, ele sentia a presença dos transeuntes.
Um pouco mais adiante, ia um jovem com um braço ao peito, que tinha partido numa queda. Contudo, ia a conversar alegremente com os amigos.
O jovem pensou um pouco e disse para consigo:
«Que vergonha! Eu a lamentar-me por causa de uns sapatos e estas pessoas, mesmo sem pernas, olhos e braços, vão felizes!»

domingo, 25 de maio de 2014

O Sapo No Saco Rolando Boldrin


REFRÃO (2x):

E era o sapo dentro do saco
O saco cum sapo dentro
O sapo fazendo papo
O papo fazendo vento
Nós agora vai falá desse noivo Zé perneta
Era vesgo de uma perna e do oio era maneta
A noiva fazia mala, ele fazia maleta
A noiva tocava trompa, ele tocava trombeta
REFRÃO
Ele escrevia de lápis, e a noiva de caneta
A noiva cortava vara, ele cortava vareta
Ela dormia no carro, e o noivo na carreta
Ela fazia carinho, e ele fazia careta
REFRÃO
No dia do casamento, na casa do Zé Fulô
Agora nóis vai dizê, aquilo foi um horrô
os dois se recolheram, logo ele se estranhô
Ela foi se desmanchando, ele logo se espantô
REFRÃO
Ela foi tirando um olho, depois um braço tirô
Arrancou a cabeleira, ele aí se apavorô
Ela aí tirou um perna, ele ai logo gritô:
"Minha filha, minha noiva, vê pra mim o que sobrô!!!"
REFRÃO
(Uma vez a professora Ivani Magalhães contou essa historinha e adorei procurei e compartilhei)
O link da musica no youtube https://www.youtube.com/watch?v=QJEL-_8VUhU

sábado, 24 de maio de 2014

Menina bonita do laço de fita

Era uma vez uma menina linda, linda.
Os olhos pareciam duas azeitonas pretas brilhantes, os cabelos enroladinhos e bem negros.
A pele era escura e lustrosa, que nem o pelo da pantera negra na chuva.
Ainda por cima, a mãe gostava de fazer trancinhas no cabelo dela e enfeitar com laços de fita coloridas.
Ela ficava parecendo uma princesa das terras da áfrica, ou uma fada do Reino do Luar.
E, havia um coelho bem branquinho, com olhos vermelhos e focinho nervoso sempre tremelicando. O coelho achava a menina a pessoa mais linda que ele tinha visto na vida.
E pensava:
- Ah, quando eu casar quero ter uma filha pretinha e linda que nem ela...
Por isso, um dia ele foi até a casa da menina e perguntou:
- Menina bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:­
- Ah deve ser porque eu caí na tinta preta quando era pequenina...
O coelho saiu dali, procurou uma lata de tinta preta e tomou banho nela.
Ficou bem negro, todo contente. Mas aí veio uma chuva e lavou todo aquele pretume, ele ficou branco outra vez.
Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de fita, qual é o seu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
- Ah, deve ser porque eu tomei muito café quando era pequenina.
O coelho saiu dali e tomou tanto café que perdeu o sono e passou a noite toda fazendo xixi.
Mas não ficou nada preto.
- Menina bonita do laço de fita, qual o teu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:­
- Ah, deve ser porque eu comi muita jabuticaba quando era pequenina.
O coelho saiu dali e se empanturrou de jabuticaba até ficar pesadão, sem conseguir sair do lugar. O máximo que conseguiu foi fazer muito cocozinho preto e redondo feito jabuticaba. Mas não ficou nada preto.
Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de fita, qual é teu segredo pra ser tão pretinha?
A menina não sabia e... Já ia inventando outra coisa, uma história de feijoada, quando a mãe dela que era uma mulata linda e risonha, resolveu se meter e disse:
- Artes de uma avó preta que ela tinha...
Aí o coelho, que era bobinho, mas nem tanto, viu que a mãe da menina devia estar mesmo dizendo a verdade, porque a gente se parece sempre é com os pais, os tios, os avós e até
com os parentes tortos.E se ele queria ter uma filha pretinha e linda que nem a menina,
tinha era que procurar uma coelha preta para casar.
Não precisou procurar muito. Logo encontrou uma coelhinha escura como a noite, que achava aquele coelho branco uma graça.
Foram namorando, casando e tiveram uma ninhada de filhotes, que coelho quando desanda
a ter filhote não para mais! Tinha coelhos de todas as cores: branco, branco malhado de preto, preto malhado de branco e até uma coelha bem pretinha.
Já se sabe, afilhada da tal menina bonita que morava na casa ao lado.
E quando a coelhinha saía de laço colorido no pescoço sempre encontrava alguém que perguntava:
- Coelha bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?
E ela respondia:
- Conselhos da mãe da minha madrinha...
Autora: (Ana Maria Machado)

O caso do Bolinho


Era uma vez um vô e uma vó. Um dia o vô acordou e disse:
- Vá, minha velha, e faça um bolinho gostoso pra gente comer.
A Velha pegou dois punhados de farinha, recheou a massa com creme de leite, formou um bolinho redondinho e pôs fogo pra assar.
O bolinho ficou dourado e cheiroso, e a vó o colocou na janela pra esfriar.
No começo o bolinho ficou lá, bem quieto.
Mas logo cansou de estar parado e começou a rolar.
Rolou da janela pra cadeira, da cadeira pro assoalho, do assoalho pra porta, e foi rolando pela porta afora até cair no quintal.
E foi rolando e rolando, do quintal pra porteira e da porteira pra fora, até chegar na estrada. E lá se foi o bolinho rolando pela estrada, até que encontrou uma lebre.
- Bolinho, Bolinho, eu vou papar você - disse a lebre.
- Não me pape não, dona lebre - disse o Bolinho.
- Deixe eu cantar uma canção pra você:
"Eu sou um Bolinho,
Redondo e fofinho,
De creme recheado,
Na manteiga assado,
Deixaram-me esfriando,
Mas eu fugi rolando!
O vô não me pegou,
A vó não me pegou,
Nem você, dona Lebre,
Vai me pegar!"
 E saiu rolando, antes que a Lebre pudesse piscar um olho.
Rola que rola, até que encontrou um Lobo.
- Bolinho, Bolinho, eu vou papar você - disse o Lobo.
- Não me pape não, deixe eu cantar uma canção pra você:
"Eu sou um Bolinho,
Redondo e fofinho,
De creme recheado,
Na manteiga assado,
Deixaram-me esfriando,
Mas eu fugi rolando!
O vô não me pegou,
A vó não me pegou,
A Lebre não me pegou,
Nem você, Lobo bobo,
Vai me pegar!"
E saiu rolando, antes que o Lobo pudesse piscar um olho. Rola que rola, até que encontrou uma Raposa.
- Bolinho, Bolinho, pra onde vai rolando? - perguntou a Raposa.
- Pela estrada afora, como você está vendo.
- Bolinho, Bolinho, cante-me uma canção - pediu a Raposa. E o Bolinho cantou:
"Eu sou um Bolinho,
Redondo e fofinho,
De creme recheado,
Na manteiga assado,
Deixaram-me esfriando,
Mas eu fugi rolando!
O vô não me pegou,
A vó não me pegou,
A Lebre não me pegou,
O Lobo não me pegou,
Nem você, dona Raposinha,
Vai me pegar!"
E a Raposa disse então:
- Que bela canção, Bolinho!
Pena que  eu sou dura de ouvido, não escuto muito bem. Lindo Bolinho, pula no meu focinho, fica mais pertinho, pra ouvir você direitinho!
O Bolinho pulou no focinho da Raposa, e a Raposa, nhoc!, papou o Bolinho!!!!

(Quinta-feira a professora Ivani Magalhães contou essa Estória e adorei está aqui para ser compartilhada)